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Erva-Mate e seu uso Terapêutico

Lembro-me muito bem de minha vó me oferecendo o primeiro gole de uma bebida, que mal eu sabia que faria parte a partir daquele dia, da minha tradição, dos meus costumes e do meu cardápio. Estava então tomando o nosso gostoso chimarrão, este que ainda é autenticamente gaúcho e sustenta uma das imagens que marcam o nosso querido Rio Grande. Certamente é uma das bebidas mais apreciadas pela maioria dos gaúchos, sua intensidade de consumo aumenta quando vagamos pelo interior do estado, mas além de reunir pessoas, proporcionar momentos de descanso e rodas de conversa, o que de fato contém na erva-mate, ela pode ser medicinal como dizia minha vó, e trazer benefícios à saúde e ao bem estar? O que dizem as lendas sobre sua origem e utilização? É possível manter o peso tomando o nosso amargo?

Muitas questões como estas podem ser desvendadas, considerando o conhecimento dos nossos ancestrais, é possível até estabelecer verdades, já que há 70 anos empregava- se muito mais a medicina tradicional, natural, mas hoje já existe toda uma análise efetiva das substâncias que a compõe, algumas são mais relevantes, podendo gerar efeitos fisiológicos através do uso terapêutico da erva.

Ele é amargo, líquido esverdeado, tomado quente todas as manhãs, depois do almoço, ao entardecer, quente ou morno, enfim, um complemento indispensável para muitos que tem esta bebida como aliada nas suas rotinas, proporcionando momentos de prazer. A erva-mate, teve sua origem numa tribo de índios Guarany, é a Ilex Paraguayensis, observada pelos soldados espanhóis que, ao tomar esta bebida no dia seguinte de porres intensos, a ressaca proporcional era aliviada tomando a erva-mate, começaram a transportá-la pelo Rio Grande nas suas garupas. Logo surgiram a cuia e a bomba, que primitivamente era feita de bambu. Os paraguaios são os únicos que tomam o amargo gelado, conhecido como “Tererê”, substituindo a água quente por sucos de limão ou laranja.

ChimarraoHá diferenças também no processamento da erva, na Argentina e Uruguai a erva é triturada, já aqui no Brasil, ela é socada, mais fina, mas sua composição mantém-se similar, é composta pela erva-mate, planta de estatura mediana baixa, com folhas de verde intenso, do grupo das Aquifoliácea, uma propriedade estimulante encontrada também no cacau e no guaraná, café e chás.

Sua composição química já era conhecida pelos indígenas, não só pela boa apreciação da bebida, mas também pelo fato de conhecerem outros benefícios, como meio para amenizar a fadiga e conter a sede ou a fome. A bromatologia se encarrega de estudar as propriedades químicas, ou seja, é um meio científico que estuda a composição integral dos alimentos, entre outros, sua forma qualitativa e quantitativa, alterações e utilização dos mesmos, no caso da erv- mate, além desses aspectos sua forma como matéria-prima de vários subprodutos.

Na erva- mate ela encontrou basicamente, sob ponto de vista terapêutico, cafeína, teofilina e teomobrina, compondo os alcalóides ( substância que contém nitrogênio, hidrogênio, carbono e oxigênio). Estes alcalóides também conhecidas como xantinas, correspondem aos principais terapêuticos naturais com ação: anestésica, analgésica, psico-estimulantes, neuro-depressores, no caso da erva destacam-se ações psico- estimulantes, diuréticas e neurodepressores. Todos os estudos revelam na sua maioria benefícios obtidos pelo consumo da erva-mate, mas acredito muito mais nas revelações de minha vó, algumas coincidem com as pesquisas, porém a diferença é que ela sentiu os resultados na prática sem saber a sua composição química. Segundo ela, a erva-mate, dá a sensação de bem estar, “aviva” a memória e afasta o cansaço, dá mais energia ao corpo e mente. Ela toma todos os dias, sem exagero, várias cuias de chimarrão, sem jamais esquecer o mate depois do almoço, por ser digestivo, que assim faz uma espécie de lavagem no estômago e intestino, concluindo o processo digestivo, e assim revela o segredo de sua boa forma física, funcionando assim como mantenedor de seu peso. Ela salienta que nunca ouviu casos com problemas renais devido a erva-mate, pelo contrário, ele estimula os rins fazendo- o trabalhar regularmente. Se essa erva for cozida e lavada, pode ser muito boa para auxiliar no tratamento de feridas, claro que observada a devida origem da mesma.

Também alerta as pessoas com problemas de estômagos, como gastrite ou úlcera que neste caso devem evitar tomar o mesmo. Ela também “prescreve” a mesma como forma de espantar a solidão, vivendo sozinha diz que ao matear, trás a mente lembranças do seu passado, “são momentos que me dão a oportunidade de lembrar meus feitos, da minha infância e família, assim na companhia do chimarrão, não me sinto tão só”. Isso vem de encontro à uma lenda contada por ela, que muito antigamente, o chefe de uma tribo vivia muito triste e desamparado, ele tinha somente uma filha, na ausência do filho homem, teria que passar a alguém de sua confiança, a chefia da tribo, sendo assim escolheu um índio que achava então merecedor da sucessão, pelo qual sua filha era coincidentemente apaixonada, isso significaria que ela como esposa do novo chefe de tribo, teria que acompanhar o mesmo em todas suas ações e atividades, logo o seu pai ficaria sozinho, mas ao lhe fornecerem a cuia para sorver a erva-mate, viu que não se sentia tão só e sua filha então poderia assumir os compromissos com esposa sem se preocupar com seu pai.

Revelações que nos colocam a frente de experiências e resultados somente benéficos à saúde, porém agora podem ser comprovados cientificamente. Tomar nosso chimarrão vai muito além do simples apreciar, ele faz bem a saúde e ao corpo, pode ser tomado diariamente em demasia na temperatura certa, morno a quente. E viva o amargo!

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