Há algum tempo atrás milhares de pessoas morriam quando contraiam doenças causadas por bactérias. Na antigüidade nossos ancestrais acreditavam que as doenças eram causadas por espíritos malignos. Tempo depois, em 400 a.C., Hipócrates, afirmou que as doenças têm causas naturais e não sobrenaturais. Até que finalmente, já no século XIX, o francês Louis Pasteur descobriu que as doenças infecciosas são causadas por seres microscópicos.
E a partir daí pesquisadores tentaram achar um antídoto para esse mal, mas foi durante a Segunda Guerra Mundial com muitas doenças se alastrando entre soldados, que pela primeira vez foi usado um Antibiótico.
Já naquela época, os pesquisadores desconfiaram de que as bactérias poderiam se tornar resistentes aos antibióticos. O que foi comprovado mais tarde que essa suspeita é verdadeira.
Hoje em dia já é de nosso conhecimento que esses microorganismos tem a capacidade de, com o tempo, se defenderem do antibiótico. E esse tempo está cada vez mais curto. Em 1989 a clindamicina (um tipo de antibiótico) era capaz de curar 87% dos pacientes infectados pelo Staphylococus aureus. Três anos depois, a clindamicina era eficaz em apenas 28% dos casos.
Esse é um exemplo de que as bactérias se tornam imbatíveis e se espalham rapidamente. Os primeiros antibióticos desenvolvidos há cinqüenta anos não representam mais perigo para as bactérias causadoras das infecções. Cada dia que passa os antibióticos precisam ser mais poderosos.
Mas o que são os antibióticos?
Nada mais são do que substâncias produzidas por organismos vivos para combater outros organismos vivos.
Se dividem em dois grupos:
Bactericidas – Capazes de matar as bactérias. Neste grupo estão principalmente penicilina, cefalosporina, vancomicina, polimixina, gentamicina e amicacina.
Bacteriostáticos – São antibióticos que não destroem as bactérias, apenas impedem que elas se multipliquem. Sendo assim quem faz o trabalho sujo, o de eliminar as bactérias, é o nosso sistema imunológico através dos anticorpos. Fazem parte desse grupo as tetraciclinas e o cloranfenicol.
Mas por que as bactérias estão tão fortes?
O problema é que em todos esses anos parece que ninguém levou as bactérias muito a sério, e os antibióticos foram usados indiscriminadamente. Resultado: as bactérias hoje estão mais fortes do que nunca.
Se em alguns países da Europa, a oxacilina, um dos antibióticos derivados da penicilina, é capaz de destruir mais de 90% dos Staphylococcus aureus, o mesmo não acontece no Brasil. Aqui, o mesmo antibiótico funciona em menos de 50% dos casos. Isso se explica pelo fato de que na Europa há um controle rigoroso no uso de antibióticos, o que não acontece no Brasil onde as pessoas têm o péssimo hábito de se auto medicar.
Só existe uma maneira eficiente de impedir que as bactérias se tornem rapidamente resistentes: usar corretamente o antibiótico, como o médico recomendar.
Para evitar o aumento de bactérias resistentes é fundamental respeitar as doses, os intervalos, e o tempo que se deve tomar o antibiótico. Quando utilizamos o medicamento de maneira correta ele é capaz de eliminar praticamente todas as bactérias que causam doenças. As que sobram são combatidas pelo nosso sistema imunológico. Mas se o antibiótico for utilizado em doses insuficiente e mesmo em intervalos desregulados, ele vai destruir apenas as bactérias mais fracas. Sobrevive um número razoável de bactérias fortes que se multiplicam rapidamente. Em geral uma bactéria se duplica a intervalos de 15 a 30 minutos. Com tamanha agilidade o organismo não consegue se defender.
O mesmo acontece quando o paciente, após alguns dias do início do tratamento, resolve suspender o antibiótico porque se sente melhor. Os sintomas da doença acabaram porque o remédio diminuiu a quantidade de bactérias patogênicas, mas isso não significa que todas foram destruídas. Aliás as mais fortes continuam perturbando o organismo. Se suspender o tratamento, a doença reaparece.
O antibiótico não é o fator que leva as bactérias a se tornarem resistente, ele apenas seleciona as mais fortes. Se for utilizado de forma adequada, essas bactérias encontrarão dificuldade para a duplicação. Caso contrário, podem se espalhar e desencadear problemas sérios.
Infelizmente é comum as pessoas tomarem medicamentos ao menor sinal de doença, qualquer que seja. Cuidado, nem sempre precisamos de antibiótico para combater infecções. Se tomarmos antibióticos por qualquer motivo damos oportunidade para as bactérias resistentes sobreviverem.
Lembre-se
Médicos e pacientes precisam ficar atentos e usar corretamente os medicamentos. Enquanto isso os pesquisadores continuam sua luta eterna em busca de substância capazes de combater, agora, as bactérias resistentes.