O judô tem sua origem no Jiu jitsu, que, por sua vez, tem sua origem perdida no tempo.
Uma versão credita a monges tibetanos vivendo no Japão medieval. Vítimas freqüentes de bandidos por viverem retirados dos povoados, e que, avessos ao uso de armas, desenvolveram técnicas de auto defesa com o uso do próprio corpo.
Tais técnicas utilizavam cuteladas, socos, cotoveladas, joelhadas, estrangulamentos e projeção dos oponentes como ataque e obstrução, desvios e ceder a ataques como defesa.
Crê-se que estas técnicas tiveram origem na observação dos movimentos dos animais.
Assim, tigre, macaco, serpente e outros animais contribuíram para o desenvolvimento destas técnicas.
Com o passar do tempo, elas vieram a ser utilizadas pela casta guerreira da época, os samurais. Desta forma, e, acrescidas de outras, que incluíam o sabre e o bastão, chegaram à era moderna. Observe-se que não tinham a concepção de luta ou esporte, eram técnicas guerreiras de grande letalidade. Mais um lapso de tempo e estas técnicas vieram a dividir-se, dando origem, ainda que rudimentar, a diversos ramos que seriam as sementes das artes marciais, como são conhecidas: Ninjutsu (emprego de diversas armas); Kendô (uso de sabres ou bastões); Aikidô (técnicas de domínio, prevalecendo, principalmente, pressionamento de áreas do corpo); Jiu Jitsu (técnicas de domínio e defesa sem o uso de armas).
Destacando o Jiu Jitsu, em detrimento das demais, cabe lembrar que se tratava de técnica guerreira, com séculos de desenvolvimento e aprimoramento e, portanto, com alto índice de letalidade.
Neste ponto da história, surge um estudioso e praticante do Jiu Jitsu, o prof. Jigoro Kano, que observou que, durante o inverno, árvores fortes, com tronco sólido, quebravam, sob o peso da neve acumulada em seus galhos, enquanto o salgueiro, flexível, cedia ao peso da neve, curvava-se, libertando-se da neve e retornando à posição inicial ileso. Lastreado no aprendizado com estas observações, veio a descartar algumas das técnicas do Jiu Jitsu, aprimorando e criando outras, encerrando por criar um novo estilo. A base deste novo estilo era esta: ceder; não opor-se ao adversário, mas ceder. À resultante destes estudos, deu o nome de JUDÔ, que significa Caminho da Suavidade.
O princípio básico do Judô está no equilíbrio. No seu equilíbrio, provocando o desequilíbrio do adversário.
Para exemplificar, tomemos o caso de uma pessoa dando um empurrão no peito de outra. A reação normal e esperada, é que a segunda pessoa, o empurrado, force o peito para frente, para evitar a perda do equilíbrio.
Caso a pessoa que sofre o empurrão dê um passo para trás, o empurrador, por seu próprio movimento, ver-se-á desequilibrado. E, se neste momento, o empurrado auxiliar esta situação, com um leve puxão no braço de seu oponente, teremos, como resultado, um empurrador estatelado no chão, graças a seus próprios esforços.
É o caso de utilizar a força de seu oponente contra ele mesmo.
Jigoro Kano, ao criar o Judô, não quis criar mais um estilo de luta, mas sim uma filosofia de vida, de tal forma que a filosofia do Judô parte do princípio da não agressão.
Todos os exercícios e técnicas buscam o equilíbrio de corpo e mente. Uma pessoa emocionalmente equilibrada, dificilmente permitirá que uma contenda, um desentendimento qualquer chegue ao ponto de uma agressão física.
Apesar do dito popular –“quando um não quer, dois não brigam” –, sabemos que nem sempre as coisas funcionam assim na vida real.
O aspirante a judoca deve estar ciente de que, as técnicas que aprenderá não visam nem se prestam a ele se dar bem numa briga de rua. Bem ao contrário, ele aprenderá que é melhor evitá-la. É claro que isto, muitas vezes não é possível. Neste caso, o Judô não lhe será útil para agredir seu oponente, suas técnicas destinam-se a auto defesa
É evidente que, ao se evitar um tapa, é de se esperar por um soco. Então, a defesa se faz aparando o tapa e neutralizando o agressor. Todas as técnicas do Judô pressupõem a agressão.
O Judô buscar a elevação da serenidade, da auto-estima, o equilíbrio físico e mental, e o respeito ao próximo, princípios básicos, mas, com alta carência na atualidade.