Ao longo dos últimos anos, os pesquisadores notaram um padrão estranho na relação entre o peso corporal e a doença de Alzheimer. As pessoas de meia-idade apresentam um risco maior (à longo prazo) de desenvolver a doença se elas estão com sobrepeso ou obesas, enquanto as pessoas mais velhas apresentam um risco menor se estiverem acima do peso normal.
Um novo estudo, publicado na revista “Neurology”, pode oferecer uma pista para esse paradoxo da obesidade. Esta descoberta levanta a possibilidade de que a perda de peso ou um baixo índice de massa corporal (IMC) na velhice possa ser um sinal de alerta para o declínio mental, afirmam os pesquisadores.
Alterações de peso ou alterações da composição corporal podem ser uma manifestação da doença, o que explicaria a obesidade ser um fator de proteção aparente. Bem antes da perda de memória e outros sintomas aparecerem, a doença de Alzheimer pode desencadear mudanças no metabolismo que promovem a perda de peso.
Em geral, pensamos na doença de Alzheimer como uma doença do cérebro, mas esta é uma evidência de que há problemas sistêmicos em todo o corpo nos estágios iniciais da doença de Alzheimer. Os pesquisadores analisaram dados de neuroimagem da Doença de Alzheimer, um amplo estudo que abrange 58 hospitais e universidades e que são financiados pelos Institutos Nacionais de Saúde e um conjunto de organizações sem fins lucrativos e empresas farmacêuticas.
O objetivo da iniciativa é encontrar maneiras de medir a progressão da doença de Alzheimer e a condição conhecida como transtorno cognitivo leve. Os pesquisadores analisaram 200 pessoas que passaram por exames cerebrais projetados para identificar as placas e emaranhados anormais de proteínas, que são as marcas da doença de Alzheimer. Além disso, também foram analisadas outras 405 pessoas cujo líquido cefalorraquidiano analisavam os fragmentos dessas proteínas (beta-amilóide peptídeo e tau).
Cada grupo incluiu algumas pessoas com doença de Alzheimer, alguns com comprometimento cognitivo leve e alguns sem sinais de deterioração mental. Não havia nenhuma conexão entre o IMC e biomarcadores de Alzheimer nos pacientes que realmente tinham Alzheimer. Mas nos outros dois grupos, o menor IMC foi associado com maiores níveis de biomarcadores e uma maior probabilidade de ter placas no cérebro.
Entre as pessoas com transtorno cognitivo leve, por exemplo, 85% dos indivíduos com excesso de peso não apresentavam sinais destas anormalidades cerebrais, em comparação com apenas 48% daqueles que estavam com sobrepeso ou obesos. (Um IMC de 25 ou acima é considerado acima do peso.)