Se fizermos uma análise bem simplória do que vem a ser saúde, veremos que um corpo saudável é aquele que se encontra em perfeito estado de equilíbrio. Seguindo essa linha de raciocínio, poderíamos dizer que todos nós quando buscamos a saúde plena, estamos na realidade buscando o tal do equilíbrio. No entanto, muitos de nós, na ânsia dessa procura, acabamos confundindo as coisas: equilíbrio não quer dizer abrir mão de viver plenamente, mas usar com moderação. No entanto, não é isso que observamos por aí. Para muitos, equilíbrio significa uma repressão disfarçada, só que na natureza, existem as polaridades, quer ver um exemplo? A sombra existe porque há uma imagem que a projeta certo? Assim é tudo na vida. Como sabemos que estamos praticando o bem? Porque temos o mal como parâmetro e vice-versa, ou seja, um é indissociável do outro. Aliás há um fio muito tênue que separa o bem do mal. Senão vejamos, um remédio que se toma para combater um mal, se tomado na dosagem errada, acaba se revelando prejudicial à saúde, ou seja, algo que é feito para beneficiar a saúde, pode também prejudicá-la. Poderíamos então dizer que o que separa o bem do mal, em muitas situações é a dosagem. Vamos agora transpor essa análise para o campo do sexo.
A sexualidade, ao longo do tempo e até hoje, continua sendo um assunto muito complicado para ser discutido, principalmente porque a religião, de uma certa maneira, criou um rótulo muito irreal da sua verdadeira condição. Quantas religiões por aí não reprimem o sexo, como se fosse algo vil, sujo, inferior. No entanto, não dá para negar, ele existe e é uma energia muito poderosa, por ser ligada diretamente a criação. Logo, se ele feito com moderação, ele até faz muito bem para a saúde da pessoa. Mas aí surge aquela pergunta: o que é fazer sexo moderado? Não varia de uma pessoa para outra? Ou há um limite? E quando descamba de vez?
Os sinais
O impulso sexual, como todo instinto, é amoral, ou seja, ele segue uma lei natural que busca o equilíbrio em tudo. Seguindo essa linha de raciocínio, uma vez saciado, deveria dar uma apaziguada no corpo. Essa seria, portanto, a lógica de uma relação sexual moderada. O problema é quando nem bem termina uma relação sexual e já quer outra de maneira obsessiva, de maneira que ocupa sua mente somente disso. Esse é um caso típico de desejo sexual hiperativo, também conhecido como erotomania e a ninfomania.
Por ser movida por uma compulsão muito elevada, evidentemente causa um grande sofrimento na pessoa acometida por esse mal, pois quando tenta controlar esse impulso fica ansiosa, tensa ou deprimida. Verifica-se que não apresenta nenhuma disfunção sexual e participa de atividades masturbatórias ou de coito, mesmo que isso venha prejudicar seus relacionamentos, que são muitos. Dependendo do grau, a pessoa torna-se exibicionista, adepta do voyeurismo ou mesmo pedófila e estupradora. Atualmente, com o recurso da internet, existe também a compulsão virtual que atinge mais de dois milhões de pessoas que chegam a ficar de 15 a 25 horas acessando sites de sexo.
Origem: semelhante ao vício das drogas
O que se sabe suas causas se assemelham muito com as que levam as pessoas a se viciarem em drogas, tais como a cocaína, heroína ou álcool, ou seja, a pessoa busca na compulsão pelo prazer sexual como se fosse um tranqüilizante que atenua seu sentimento de ansiedade, medo e solidão. Normalmente apresenta alterações anormais no balanço de substâncias neurais – neurotransmissores. Atualmente observa-se que afeta de 3% a 6% da população, com predomínio do sexo masculino. Inicia-se na adolescência ou no início da terceira década. Ela se manifesta em quatro fases: inicialmente prevalece a preocupação, em que a pessoa apresenta um afeto parecido com o do transe, em que fica totalmente absorto em pensamento de sexo; posteriormente, há uma ritualização, em que se desenvolve uma rotina que conduz ao comportamento sexual; depois, entra-se na fase da gratificação sexual, por meio do ato sexual em si. Nesse estágio, a pessoa já não controla mais o seu desejo e, por último, a pessoa começa a sentir desespero mesclado com uma sensação de impotência e desânimo se abate sobre a pessoa após o término de uma relação sexual.
Famosos acometidos por esse mal
Em um mundo cada vez mais erotizado e ainda machista, alguns artistas tiveram a coragem de assumir que tinham essa compulsão. Esse foi o caso do ator Michael Douglas que teve esse problema na década de 1990 quando era casado na época com Diandra e chegou a ser internado em uma clínica no Arizona e que somente melhorou após seu casamento com a atriz Catherine Zeta-Jones. Outro caso foi o ator David Duchovny, da extinga série “Arquivo X” e da atual “Californication” chegou a se internar para salvar seu casamento com a atriz Téa Leoni.
O grande problema do viciado é que ele aceita qualquer tipo de prática sexual então a possibilidade de ser vítima das mais variadas doenças é imensa, porque, por ser compulsivo, não há menor noção do que faz e é sempre uma relação sexual nervosa, tensa, sem se preocupar com o parceiro ou a parceira, daí a sensação inesgotável de vazio que sente após cada relação.
É possível sair dessa?
Uma vez detectado o problema, é possível sair dele, antes que um mal maior aconteça? O caminho a ser seguido, é a psiquiatria ou a terapia sexual. Normalmente, na maioria dos casos, opta-se pela terapia combinado com o uso de medicamentos e com grupos de apoio, nos moldes dos alcoólatras anônimos. Entre os remédios adotados para inibição da compulsão destacam-se os inibidores da recaptação da serotonina. No entanto, se a compulsão estiver em um estágio muito avançado em que a compulsão coloque em risco a vida de outras pessoas, recomenda-se o uso de medicamentos a base de hormônios (progesterona) para inibir o desejo sexual, quando não obriga-se a internação.
Portanto, para aqueles que sofrem desse mal, assim como todo viciado, o primeiro passo é reconhecer que é uma pessoa doente, o segundo é se tratar e o terceiro é ter amor a própria vida e a seus familiares. Para isso é preciso contar com duas ferramentas: muita determinação e muita disciplina.