Os adultos que foram diagnosticados com déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) quando eram crianças podem continuar sofrendo com a doença em sua fase adulta, dizem os pesquisadores. A maioria dos indivíduos com TDAH costumam apresentar melhoras na idade adulta, mas ainda assim, mesmo com a melhora, continua a haver desafios. Os pesquisadores encontraram uma tendência de mudanças no cérebro ainda mais significativa em pessoas que continuaram a ter sintomas de TDAH quando adultos.
O TDAH é um distúrbio comum na infância, que costuma desaparecer na adolescencia ou na fase adulta. Os sintomas incluem uma incapacidade de prestar atenção e focar-se, sendo facilmente distraído, tornando-se entediado com facilidade, “sonhando acordado” e tendo comportamento hiperativo.
Pesquisas anteriores já haviam encontrado um volume cerebral reduzido em crianças com TDAH, e que essas reduções são particularmente pronunciadas nas zonas do cérebro que ajudam a regular a atenção e a emoção, de acordo com a informação apresentadas no estudo.
O presente estudo incluiu os meninos que haviam participado de um estudo em curso, que começou na década de 1970. Naquela época, o estudo analisou cerca de 200 meninos, entre as idades de 6 e 12 anos, e cerca de 200 meninos da mesma idade que não apresentavam TDAH (para servir como grupo de controle). A pesquisaa incluiu 60 voluntários que tinham TDAH na infância e 80 que não tinham. A idade média dos voluntários era de 41 anos. Dos 60 voluntários com TDAH, 17 continuaram a ter sintomas de TDAH quando adultos.
Os voluntários do estudo foram submetidos a ressonância magnética (RM) em 2006 e foram entrevistados sobre seus sintomas atuais e uso de medicamentos. Os pesquisadores descobriram que a camada externa do cérebro (o córtex) era significativamente mais fina em pessoas que tinham TDAH quando eram jovens em comparação com aqueles que não tiveram a doença. Estas alterações foram observadas em pessoas que continuaram a ter sintomas de TDAH e nos pacientes em que a doença desapareceu.
As áreas mais afetadas pelo desgaste são regiões envolvidas no “controle de atenção e regulação da atenção”. Por exemplo, a quantidade de atenção que você dá a uma tarefa é um cálculo complexo do que está acontecendo ao seu redor, quando um ruído existe, se algo está se movendo na sala e assim por diante. Se você ouvir um barulho alto, você está momentaneamente distraído, a menos que você possa explicar racionalmente o que é esse ruído.
Se você pode explicar racionalmente pra si mesmo o que é esse ruído, você pode voltar a trabalhar sem distração adicional. Mas, este processo não funciona tão bem para as pessoas com TDAH. Algumas pessoas ainda vêem o TDAH como uma fraqueza de personalidade ou como traumas causados por maus pais, mas este estudo mostra que o TDAH é um fenômeno fisiológico e um déficit neurológico real.