Por mais estranho que pareça, hoje já se sabe, e isso é comprovado cientificamente, que a depressão pode dar “sinais” físicos antes da tristeza que parece não ter fim tomar conta da pessoa, afinal é ela um fenômeno bioquímico.
A depressão gera “circuitos” cerebrais que ativam determinadas regiões do sistema nervoso que estão relacionadas com alguns órgãos do corpo humano, e é por isso que a depressão está relacionada com alguns problemas orgânicos, quase sempre acompanhados de dores.
Alterações na bioquímica cerebral interferem tanto no estado emocional quanto nos sintomas físicos, e isso, provavelmente, tem a ver com o mau funcionamento de neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina, que são responsáveis, direta ou indiretamente, pela sensação de bem-estar e, principalmente, pela regulação do humor. Quando acontece algum problema com essas substâncias, quando a circulação deles não é mais tão eficiente, muitas mensagens químicas na região do cérebro deixam de ser transmitidas como deveriam, e isso desencadeia várias outras reações, já que acaba prejudicando e interferindo no funcionamento de inúmeras outras áreas.
Uma das áreas mais afetadas é o sistema imunológico, que nos deprimidos tende a ser bem mais vulnerável do que nas pessoas que não possuem sinais de depressão. E, quando o sistema imunológico está enfraquecido, abre brecha que inúmeras doenças oportunistas “tomem” conta do organismo, o que justifica quadros em que a pessoa “vive doente. Quando isso acontece, é bom ficar de olho porque pode ser que exista algo mais profundo e sério por trás disso.
Além das doenças constantes, um dos sinais da depressão são as alterações no sono.É fato que deficiências nos níveis de serotonina causam alterações no sono. Além disso, as alterações bioquímicas que ocorrem no cérebro de um depressivo geram alterações no ciclo circadiano, e isso altera também o sono, o adormecer.
Assim, dores, alterações no sono e doenças que se repetem podem estar sinalizando um possível quadro depressivo.
É preciso ressaltar, contudo, que tristeza não é depressão, que tristeza faz parte da vida, assim como angústia, ansiedade e medo, desde que dentro dos limites aceitáveis. A depressão, por outro lado, é incapacitante, e, por isso, precisa ser “mapeada” antes que “ataque”. Ou seja, se os sinais da depressão forem identificados no início, será mais fácil tratá-la.
Identificada a depressão, o tratamento farmacológico é indicado, e são muitos os medicamentos que podem ser indicados, dependendo de cada quadro. Além do tratamento medicamentoso, o tratamento psicológico, com terapia, é altamente indicado, pois ajuda o indivíduo a reconhecer e a lidar com seus sentimentos e pensamentos, inclusive dos destrutivos, além de ajudar no alívio dos sintomas emocionais do problema e auxiliar o paciente na interação social.
O tratamento psicológico é visto como um importante complemento, como um coadjuvante de peso no tratamento da depressão, apresentando resultados bem similares aos proporcionados pelo tratamento farmacológico
E, quando tratada corretamente, a depressão tem sim cura, mas é essencial que, aos primeiros sintomas, um especialista seja consultado. Não se pode, como a grande maioria faz, deixar para depois, pois quanto mais o tempo passa, mais complicado é o tratamento.