É normal que, no início das relações, os dois envolvidos vivam grudados, já que é a fase da descoberta e do encantamento, onde o resto do mundo parece não existir.
Passada a fase inicial, a coisa tende a voltar para os trilhos e tudo aquilo que foi, de certa forma, deixado de lado, volta a fazer parte da sua rotina (e da dele também!), como os encontros com os amigos, com a família e tudo o mais. Isso não significa, contudo, “abandonar” o outro, mas, sim, voltar para o eixo e equilibrar, na medida do possível, todos os setores da vida.
O problema começa quando, por vontade própria ou por pressão (clara ou velada) do outro, você começa a negligenciar as outras áreas da sua vida, como a vida familiar, o trabalho, os amigos e o lazer, e viver em função do relacionamento. Isso é mais comum ainda de acontecer com as mulheres, que são culturalmente condicionadas a ceder e vivem para agradar, atendendo mais as necessidades do outro do que as suas.
É comum, por exemplo, que após começar um relacionamento, a mulher deixe de sair com as amigas para um barzinho, por achar que “mulher comprometida não anda em bar”, que esqueça os amigos homens e que evite fazer qualquer coisa que, mesmo sendo certa, possa incomodar o parceiro. E isso é um problema, porque a mulher faz isso acreditando que, agradando sempre, o outro não terá motivos para se aborrecer e deixa-la. Só que ao contrário do que se pensa, esse ceder, essa condescendência é extremamente desestimulante, já que a pessoa que só cede, que aparentemente não ter vontade própria e que perde a individualidade não é interessante para ninguém.
Manter a individualidade é indispensável para o sucesso de qualquer relação. É preciso, pois, discernimento para saber o momento em que é preciso fazer concessões, que são essenciais para quem quer conviver com quem quer que seja, e o momento em que é preciso impor limites, deixando claro, sempre, o seu posicionamento e as suas opiniões.
É importante falar sobre isso, porque, na maioria das vezes, as relações transformam-se numa simbiose tão profunda que você deixa de ser quem é e passa a ser uma cópia do outro, o que é, sim, um absurdo. O resultado dessa simbiose é desastroso, sobretudo quando as relações terminam – e quase sempre terminam – e a pessoa não sabe mais quem é, do que gosta e quais são seus sonhos, já que deixou sua individualidade de lado.
É preciso levar em conta que as relações, sobretudos as amorosas, não são eternas e que elas não podem e não devem ser o centro da vida de ninguém. Elas são partes extremamente importantes, partes essenciais, mas não a única razão de existir de quem quer que seja. Mesmo que você esteja perdidamente apaixonada, é preciso manter o equilíbrio e não esquecer dos outros sustentáculos da sua vida (família, amigos e trabalho), pois se a relação acabar, você não sente como se tivesse “perdido tudo”, você tem “onde se segurar” e você continua sendo você.